GRIPE SUÍNA: Boa notícia para quem precisava sair da mídia
May 06 2009 - 4:05PM
Brazil - Investnews (Premium)
S�O PAULO, 6 de maio de 2009 - A gripe su�na - que ocupa espa�o em
todos os jornais, revistas, sites e Tvs do mundo - alarma a
popula��o mas de alguma forma sempre favorece algu�m. Eleno
Mendon�a, diretor de comunica��o e rela��es governamentais da DPZ,
fala, em artigo, sobre a crise su�na na imprensa: A gripe suina foi
uma boa not�cia - ao menos para quem precisava sair da aten��o da
m�dia A despeito do ambiente de trag�dia mundial, o surto de gripe
suina, creiam, est� sendo muito bem vindo por v�rios setores. � que
todas as vezes em que surgem essas cat�strofes, novos esc�ndalos,
not�cias com perfil de dura��o de m�dio para longo prazo, muita
gente se favorece. Afinal de contas, basta puxar pela mem�ria, o
que era not�cia antes, o que estava nas manchetes, o que ocupava as
reda��es? Falava-se da farra das passagens a�reas, dos ainda
t�midos sinais de recupera��o da economia, abalada e fora dos
trilhos desde a crise de confian�a estabelecida no ano passado, dos
problemas de emprego no Brasil tomado aos poucos pela realidade dos
fatos e que, numa boa, n�o revelaram nenhuma marolinha. Tamb�m
estava na pauta a opera��o ora legal ora ilegal de investiga��o
contra Daniel Dantas. O certo � que toda a confus�o gerada pela
gripe favoreceu at� segmentos da sociedade com responsabilidades
supostamente menos graves, como os dirigentes do futebol. Todo
mundo esqueceu mais que depressa as derrotas nada �bvias de
Palmeiras e S�o Paulo, por exemplo. No mundo corporativo, ningu�m
fala das empresas com problemas, das que tiveram perdas
consider�veis na crise do ano passado, das que foram v�timas de m�
f�, de falta de compet�ncia ou das duas coisas juntas. Com a gripe,
criou-se um ambiente de sossego suficiente para tocar adiante
reestrutura��es e planos de recupera��o, mesmo de imagem. � como se
todos entrassem numa tr�gua. A explica��o para a concentra��o de
interesses nessa cobertura � relativamente simples. Primeiro que
sim, estamos todos diante de uma situa��o real de risco. Uma
pandemia n�o � pouca coisa, merece todo o destaque na m�dia, at�
para prestar servi�os, indicar postos de atendimento, cuidados a
serem tomados etc. Mas e os demais assuntos, perdem o interesse?
N�o, mas depois de passar pelas crises do final dos anos 1990 e
come�o do segundo mil�nio, todos os ve�culos foram submetidos aos
mais pesados planos de conten��o. Todas as equipes de jornalistas
foram enxugadas ao m�ximo e hoje faltam bra�os para se tocar ou dar
continuidade a um notici�rio verdadeiramente informativo em todos
os sentidos. Sem contar a restri��o do papel. Imaginem um jornal
com tiragem de 200 mil exemplares que resolve elevar duas p�ginas
al�m de seu planejamento? Estamos falando de 400 mil p�ginas de uma
mat�ria-prima importada, controlado por cinco fabricantes mundiais
que est�o sempre em crise, que atuam em cartel. Sem contar a
valoriza��o do d�lar e a taxa de juro, que incidem diretamente
sobre esse c�lculo. Fica como op��o baixar a bola de outros
assuntos, buscar as duas p�ginas necess�rias emagrecendo quase de
forma linear os demais assuntos. Por isso os demais temas
relevantes est�o nos ve�culos, mas de forma meio protocolar, �s
vezes at� acanhados num canto da p�gina. Al�m de tudo isso, h� a
pr�pria natureza humana, a buscar informa��es sobre assuntos
mortais. Ainda que o leitor nunca tenha ido ao M�xico, nem tenha
contato com mexicanos, devora o assunto de todas as formas
poss�veis. � como se sentisse pessoalmente envolvido. Claro que o
risco de cont�gio se multiplicou e passou ao longo dos dias e estar
cada vez mais pr�ximo de todos, mas h� muito exagero. Aos poucos,
as coisas se encaixam e ganham a tonalidade mais real. O pr�prio
governo do M�xico informou que a gripe n�o � assim t�o agressiva
quanto se temia. � preciso deixar claro, ainda, que a gripe tem
cura. Diagnosticada a tempo, n�o oferece riscos para alarmar. Sem
contar que a linguicinha, aquela bistequinha, a costela de porco,
est�o liberadas. Esses setores, ali�s, dos criadores aos
processadores, sofrer�o com a forte retra��o no consumo, tudo
porque l� no come�o, em vez de chamar a gripe de mexicana, como
fizeram com a espanhola, ou A, resolveram botar o nome de suina.
Vejam como � importante esse assunto, a ponto de fugirmos
repentinamente do foco desse artigo. Fal�vamos dos felizes
aproveitadores de uma situa��o que � infort�nio para muitos, mas
uma d�diva para alguns. Agora me lembrei, como exemplo, de uma vez
em que conversava com um ministro do Trabalho no auge de uma
enxurrada de den�ncias de fraude contra ele e sua equipe. O arsenal
era mais que suficiente para destitu�-lo do cargo. Mas o tal
ministro, com a sensa��o mais l�mpida poss�vel da impunidade, disse
que tudo isso se desfaria em muito pouco tempo porque no Brasil os
esc�ndalos se sucedem e logo um outro tomaria o lugar daquele. Dito
e feito. Foi exatamente o que aconteceu. Neste momento, quando a
gripe parece dar sinais de que ser� dominada ou no m�nimo
remediada, todos j� come�am a torcer pelos pr�ximos fatos, mundiais
ou locais. � preciso ser forte, criar como��o, atrair aten��es. �
com isso que contam todos os corruptos, investigados, os j�
envolvidos em algum tipo de esc�ndalo, as empresas que n�o podem
nem ouvir de seus assessores que um jornalista telefonou ou mandou
email querendo saber da crise. Crise, que crise?
www.analiseopin�o.com. (Eleno Mendon�a - An�lise&Opini�o)
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