CONJUNTURA: PaÃs tem espaço para estimular o consumo
May 12 2009 - 4:27AM
Brazil - Investnews (Premium)
S�O PAULO, 12 de maio de 2009 - Enquanto tr�s pr�mios Nobel de
Economia n�o pouparam elogios para a pol�tica macroecon�mica
brasileira diante da atual crise econ�mica mundial, o governador de
S�o Paulo e virtual candidato do PSDB para a elei��o presidencial
de 2010, Jos� Serra - apesar de fazer quest�o de dizer que n�o est�
em campanha - , fez cr�ticas � pol�tica de cortes pequenos e
graduais do Banco Central brasileiro. Joseph Stiglitz, pr�mio Nobel
de Economia de 2001, Edward Prescott (Nobel de 2004) e Robert
Mundell (Nobel de 1999), afirmaram ontem pela manh�, durante o
"Exame F�rum" em S�o Paulo, que o Brasil est� em melhores condi��es
do que a maioria dos pa�ses desenvolvidos, tendo sentido pouco os
reflexos da desacelera��o econ�mica mundial e, por isso, pa�ses que
adotarem pol�ticas austeras dever�o se recuperar em 2010. O Brasil
poder� atingir este resultado antes dos demais. Para Stiglitz, o
Pa�s dever� situar-se entre as maiores pot�ncias globais at� 2030,
cinco anos depois de a China conquistar o posto de maior economia
mundial. "A pol�tica monet�ria brasileira deixou espa�o de
manobra", afirmou. "Como uma grande economia, o Brasil tem mais
espa�o para um est�mulo efetivo ao consumo." Na opini�o de
Prescott, o Brasil poder� ser um dos beneficiados com a crise uma
vez que o pa�s est� mais inserido no com�rcio internacional. Mas,
segundo ele, "� importante que o Pa�s tenha mais empresas
multinacionais brasileiras e tamb�m abra o mercado para as
estrangeiras". Serra, por sua vez, procurou durante o almo�o
condenar o ritmo lento dos cortes nos juros desde setembro quando
houve o agravamento da crise financeira mundial com a quebra do
Lehman Brothers, alegando que eles n�o ocorreram na velocidade que
deveriam. "N�o perdemos a lideran�a da taxa de juros mais alta do
mundo", criticou Serra lembrando que a infla��o acabou n�o
amea�ando a economia devido � queda nos pre�os das commodities. "O
Banco Central poderia ter reduzido naquela �poca at� 4 pontos
percentuais de uma vez e ningu�m ficaria preocupado com a
infla��o", afirmou ele acrescentando que � um corte de mais 1,2
pontos percentuais n�o comprometeria a meta de infla��o do BC. J� o
ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, apesar de criticar "os cortes
lentos e homeop�ticos" do BC brasileiro, procurou destacar que "a
pol�tica monet�ria errada nos deu uma vantagem para agora podermos
baixar os juros". Segundo ele, a partir do quarto trimestre deste
ano, o Pa�s retomar� o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Tanto para Stiglitz quanto para Mundell e Prescott, o fundo do po�o
ainda n�o chegou. "N�o sabemos exatamente em que ponto estamos, mas
ainda n�o chegamos na metade da crise", disse Mundell. Stiglitz
descreveu a trajet�ria da crise com um tra�ado diferente dos
tradicionais "V" ou um "U", mas uma mistura de "V" com "L", que
daria um desenho parecido mais com uma "raiz quadrada" com uma
linha mais comprida. "� dif�cil ter certeza quando se atingir� o
auge da crise, mas a recupera��o ser� em um ritmo bem lento."
Prescott, apesar de definir o futuro da economia global como
sombrio, foi o mais tranquilizador entre os tr�s economistas. Disse
n�o acreditar que a economia mundial caminha para uma nova Grande
Depress�o, como a que ocorreu nos anos 1930. "Definitivamente n�o
estamos caminhando para uma nova depress�o", afirmou ele,
incentivando uma maior competitividade entre os estados de forma a
aquecer a economia. Os tr�s pr�mios Nobel, assim como Delfim Netto,
defenderam um corte de impostos como mecanismo para combater a
crise e estimular o setor produtivo. Neste caso, o presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, foi criticado pelos economistas
americanos por adotar medidas que ir�o aumentar os impostos que
curiosamente foram reduzidos durante a gest�o de George W. Bush,
lembrou Mundell. Stiglitz foi um dos mais c�ticos em rela��o ao
plano de est�mulo da economia norte-americano. "� importante haver
uma pol�tica de investimentos mas que n�o seja a fundo perdido",
acrescentou. Na opini�o dos quatro economistas, praticamente
ningu�m ganha com a crise, especialmente porque o desemprego
crescente vem sendo a maior preocupa��o em todos os pa�ses. "O
trabalhador � quem est� pagando o maior pre�o uma vez que a
desigualdade tem se agravado tamb�m", disse o ex-ministro
brasileiro. Mundell citou a China como um dos pa�ses que ganham com
a crise pois mant�m um ritmo de crescimento ainda elevado, mas ele
mesmo fez algumas ressalvas. "Hoje, a China enfrenta desemprego e
desigualdade", acrescentou. Uma das discuss�es levantadas por
Stiglitz foi a defesa de uma nova forma de se calcular o PIB, pois
esse n�o deve ser o �nico term�metro da evolu��o da crise. Para o
pr�mio Nobel de 2001, outros indicadores, especialmente, os sociais
devem ser considerados quando o assunto � investimento. "� preciso
incluir indicadores sociais, pois o combate � desigualdade � uma
forma de melhorar a economia de um pa�s. Os EUA, por exemplo, podem
investir em pres�dios e isso tem um reflexo direto no PIB, mas
nenhuma vantagem social", disse.Medidas anticrise Outro consenso do
tr�s economistas norte-americanos foi o fato de que � preciso uma
maior regulamenta��o do sistema financeiro atual. Prescott, ainda
decretou a fal�ncia de institui��es multilaterais como o F�rum de
Estabilidade Financeira do Fundo Monet�rio Internacional (FMI).
Mundell defendeu tamb�m algumas medidas para evitar futuras crises,
como a cria��o de um conselho global de consultores de
macroeconomia e uma moeda de reserva internacional. Nessa linha,
inclusive, o autor do trabalho que inspirou a cria��o do euro
lembrou ainda a discuss�o no G20 (grupo das principais na��es
desenvolvidas em emergentes) a discuss�o da cria��o de uma cesta de
moedas para as transa��es internacionais. Nesse caso, destacou ele,
que al�m do d�lar, do euro, do iene e da libra, seria importante a
inclus�o do iuane, "uma vez que a China n�o deve ser ignorada nessa
discuss�o". Durante a apresenta��o, Mundell fez uma lista com os
cinco culpados da crise econ�mica. Pela ordem: Lewis Ranieri -
corretor de bonds e citado por ele como "o pai das hipotecas
securitizadas" -, Alan Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve
(Fed, banco central dos EUA) - que foi respons�vel por uma forte
redu��o das taxas de juros e pelo enfraquecimento do d�lar, dando
origem � bolha imobili�ria - , e Maurice Greenberg - fundador do
grupo AIG. Para completar a lista, incluiu o atual presidente do
Fed, Ben Bernanke, e o ex-secret�rio do Tesouro dos EUA, Henry
Paulson. Mundell responsabilizou estes dois �ltimos pela crise ao
permitirem a quebra do Lehman Brothers, desencadeando assim a
quebra de confian�a no mercado financeiro. "Eles achavam que uma
medida em um final de semana n�o ia ter impacto grande, mas teve",
acrescentou. Prescott tamb�m enfatizou a quest�o da quebra de
confian�a no mercado financeiro como um fator cr�tico para a atual
turbul�ncia nos mercados. Mas ele admitiu que evita apostar nas
bolsas e acaba optando por investimentos conservadores, como a
poupan�a. (Rosana Hessel - Gazeta Mercantil)
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