O encontro anual de investidores com os maiores executivos da
Azul rendeu boas avaliações por parte dos analistas que acompanham
empresa. Mas, ainda que a companhia aérea tenha apresentado
perspectivas positivas para os próximos anos, algumas casas ainda
se mantém cautelosas com o papel, dando preferência a outros
players na América Latina.
No Investor Day, realizado nesta quarta-feira (5) em Nova York,
os executivos da Azul disseram esperar que a expansão do lucro
antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na
sigla em inglês) continue ocorrendo nos próximos anos, ainda que
não haja um guidance oficial.
Para 2024, a empresa espera um crescimento anual entre 8% e 10%
na capacidade doméstica. Também vê um ambiente de receitas estáveis
na comparação com 2023 e de combustível mais barato, na média.
A companhia espera que a renovação da frota seja totalmente
concluída em 2027. Com os modelos E2 da Embraer, de maior tamanho e
que consomem menos combustível, a expectativa é de melhora nas
margens da Azul.
A aérea explicou que o novo modelo oferta 15% mais assentos que
o E1 e consome 18% menos combustível. Com isso, a aérea espera
reduzir em 14% os custos por viagem e em 26% o custo por assento em
relação ao modelo E1.
Os administradores também destacaram o crescimento de negócios
secundários, como Tudo Azul e Azul Cargo, que vêm se expandindo em
ritmo mais acelerado que o negócio com passageiros e devem ter
maior relevância nas receitas da companhia daqui em diante.
Azul busca mais rentabilidade do que fatia de
mercado
No encontro com os investidores, os executivos da Azul
(BOV:AZUL4) reforçaram suas impressões sobre o ambiente
competitivo, pontuando a busca por rentabilidade ao invés de ganho
de market share.
A companhia também observa que é o único operador em 80% das
rotas onde atua, o que diminui seu risco de competição. Atualmente
a Azul opera em 155 destinos no Brasil, com diversificação
geográfica.
Além disso, a aérea acha pouco provável a entrada de novos
competidores, dado os desafios tributários, regulatórios e de
custos. A empresa afirmou ainda que não vê espaço para fusões e
aquisições, mas acredita que uma consolidação seja possível via
code share.
Em relação à reestruturação do balanço, os executivos voltaram a
dizer que não haverá queima de caixa em 2023 e a expectativa é de
geração de caixa em 2024.
A companhia informou que os custos com o arrendamento de
aeronaves deve ser reduzido em R$ 1,5 bilhão em 2023, para R$ 2,8
bilhões; e em R$ 1,1 bilhão, para R$ 2,9 bilhões, em 2024.
Essa redução é resultado na negociação com lessores que
concordaram em receber 40% da dívida em notas com vencimento em
2030. O restante será pago em equity, que pode ser convertido em
ações preferenciais no valor de R$ 36.
A administração reforçou que o instrumento que a companhia vai
utilizar entre 2024 e 2027 não deve impactar o preço da ação, já
que o volume emitido deve ficar bem abaixo da média diária de
negociações com ações da Azul.
Bancos se mantêm neutros
O Goldman Sachs não mudou sua avaliação sobre a empresa após o
encontro de investidores. O banco se mantém neutro sobre os ativos
da aérea brasileira, com preço-alvo de R$ 24,30.
Contudo, os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa
Martins reconhecem os efeitos da reestruturação da companhia na
redução de risco do seu balanço. Também apontam para a recuperação
da rentabilidade da Azul, com expectativa de que essa tendência
continue pelos próximos trimestres.
O banco também observa que os ativos da Azul estão sendo
negociados a múltiplos abaixo da média histórica. No entanto, o
valuation é similar a outros players do setor na América Latina,
que se encontram em melhores condições financeiras.
O JP Morgan também manteve recomendação neutra para o papel. A
estimativa de aumento de capacidade da Azul superou as projeções do
banco, que prevê ainda Ebitda de R$ 6 bilhões para a aérea em 2024.
O preço-alvo do JP para AZUL4 é R$ 26,50.
O JP mantém a preferência por outras companhias da América
Latina, como Copa Airlines, do Panamá, e Volaris, do México.
AZUL4: recomeço
Para o Bradesco BBI, o encontro com investidores pode ser
considerado o começo de um novo capítulo na história da Azul, com a
conclusão da reestruturação de seu balanço.
A casa tem recomendação outperform (equivalente à compra) para
AZUL4 e preço-alvo de R$ 28. Os analistas destacam que o ativo
segue negociado com 30% de desconto em relação ao período
pré-pandemia.
O Itaú BBA afirma manter visão construtiva sobre a companhia.
“Ainda que existam alguns desafios de curto prazo relacionados à
alta nos preços dos combustíveis no Brasil, o setor tem elevado
tarifas e o governo parece disposto a ajudar na redução de impactos
negativos para o setor”, escreveram os analistas.
Eles destacam a possível inclusão do setor aéreo no regime
especial na reforma tributária e isenção de PIS e Cofins até 2026.
O Itaú BBA também tem recomendação outperform com preço-alvo de R$
24.
No pregão desta quinta-feira (6), as ações da Azul caem 1,35%,
cotadas a R$ 13,90. Em 2023, os papéis sobem 26,25%.
Informações Infomoney
AZUL PN (BOV:AZUL4)
Historical Stock Chart
From Jun 2024 to Jul 2024
AZUL PN (BOV:AZUL4)
Historical Stock Chart
From Jul 2023 to Jul 2024