A partir de 27 de fevereiro, as empresas do setor de saúde
passam a reportar seus resultados do quarto trimestre de 2023. A
sazonalidade se apresenta como potencial protagonista dos balanços,
pois impactou o número da maioria das companhias. Seja por menor
ocupação de leitos ou menor venda de medicamentos antigripais, o
clima e o período do ano devem mexer nos números de operadoras de
saúde, prestadores de serviços e farmacêuticas.
“As indústrias farmacêutica e de distribuição podem ser o
destaque negativo neste trimestre, devido a impactos como piores
combinações de vendas e dinâmicas competitivas e comerciais mais
desafiadoras”, considera a XP.
A expectativa para a Hapvida (BOV:HAPV3), que divulga seus
resultados em 27 de março, é positiva tanto para XP quanto na visão
do Itaú BBA. Na análise do Research da XP, a projeção é que a
receita total deve aumentar em relação ao ano anterior, em especial
considerando fortes aumentos de preços promovidos pela companhia.
Para as duas divisões de análise, o destaque do balanço deverá ser
a redução sequencial da taxa de sinistralidade (MLR, na sigla em
inglês). Analistas comentam, há algum tempo, que a Hapvida tem
apresentado estratégia sólida de redução da MLR, com foco também em
controle de utilização. O BBA comenta também a expectativa de
cenário positivo para perdas de beneficiários. O ponto de pressão
segue o endividamento líquido da companhia, que poderá impactar a
expansão do lucro antes de juros, impostos, depreciações e
amortizações (Ebitda, na sigla em inglês).
A Rede D’Or (BOV:RDOR3) conta com expectativas neutras da XP,
levando em consideração possível diminuição trimestral na ocupação
de leitos e no ticket médio, ambos causados pela sazonalidade. O
BBA estima crescimento de um dígito na comparação anual,
considerando desempenho mais fraco no segmento de serviços
hospitalares no quarto trimestre. A projeção do banco é de
crescimento de 7% na receita, na comparação anual, com margens
Ebitda em expansão por custos com materiais e medicamentos, visão
partilhada pela XP. A MLR deve apresentar diminuição na comparação
trimestral, de acordo com as duas casas de análise. O EBITDA
consolidado, por sua vez, deve ter queda de 24% na comparação
trimestral, de acordo com a análise da XP.
Dentre os prestadores de serviços hospitalares, a XP projeta uma
queda sazonal nas taxas de ocupação. A Oncoclínicas (BOV:ONCO3)
deve apresentar crescimento sequencial, na análise da corretora,
mas a projeção é de resultados mistos. Enquanto as receitas
líquidas devem aumentar na comparação trimestral, o fluxo de
capital pode ser impactado negativamente pelo capital de giro. Esse
é o ponto de atenção também destacado pelo BBA. A projeção para
margem Ebitda ajustada é de estabilidade, sem perspectivas de
redução de custos ou diluição de despesas no trimestre, na visão da
XP. O BBA reforça que a companhia deve apresentar o melhor
crescimento de receita dentre as empresas sob sua cobertura e que a
reestruturação coorporativa da empresa manter a geração de
resultados.
Para Fleury (BOV:FLRY3), a expectativa é de um quatro trimestre
mais suave mas um 2024 promissor, na visão do Bank of America. O
banco estima que a rede de laboratórios apresentará crescimento de
7% na comparação anual, com margem Ebitda pressionada em 22,4%. A
desaceleração no crescimento de receita líquida do trimestre é uma
das projeções do BBA para o nome, assim como o aumento na margem
Ebitda de 1,3% na comparação anual, ainda que a empresa possa se
beneficiar de sinergias. A visão da XP é menos otimista, com
expectativa de resultados ligeiramente negativos. Embora reconheça
a possibilidade de aumento na margem EBITDA, a análise considera
(assim como o BBA) que a base de comparação torna-se mais fácil,
considerando que a Copa do Mundo aconteceu no quarto trimestre de
2022 e reduziu o número de dias úteis. A corretora reforça, ainda,
que a alavancagem financeira ainda não é uma preocupação presente
mas consome 31% do EBITDA da empresa no período.
A Odontoprev (BOV:ODPV3) deve apresentar resultados neutros, na
análise da XP, mas apresentar tendências positivas de receita
líquida, segundo o BBA. Para o banco, a adição líquida de 75.000
beneficiários na comparação trimestral e o aumento de preços anual
pode sustentar o otimismo com o nome. Ainda assim, o BBA faz a
ressalva de que o ticket médio pode enfrentar muita pressão, mais
do que o esperado em outros segmentos, o que poderia limitar a
recuperação da companhia. A previsão do BBA é de receita líquida de
R$ 556 milhões no trimestre, com sazonalidade positiva
impulsionando a sinistralidade odontológica (DLR, na sigla em
inglês) no quarto trimestre para 40,7% (queda de 0,4% na comparação
anual). A XP, com visão oposta, considera possível que o DLR
apresente ligeiro aumento. Ainda assim, a margem EBITDA ajustada
deve aumentar, considerando que a diluição de despesas supera o
aumento do DLR.
No ramo das fabricantes de produtos farmacêuticos, o clima
quente impactou diretamente o mercado de antigripais e foi um dos
protagonistas das teleconferências de resultados no terceiro
trimestre. Ao que tudo indica, o quarto trimestre também deve
apresentar consequências do aumento das temperaturas na venda de
antigripais. Especialmente para a Hypera (BOV:HYPE3), a XP
considera que o impacto pode se converter no não cumprimento do
guidance proposto para 2023, mesmo que as reduções de custos e
despesas auxiliem as margens. A expectativa da corretora para os
resultados da Hypera é negativo, não somente pela queda de vendas
causada pelo calor.
Para a companhia, a XP considera que a dinâmica desafiadora que
se impõe no canal de distribuição e nas redes de farmácias de
pequeno e médio porte pode fazer com que o nome ainda sofra. O BBA
antevê também queda significativa de vendas, em função da
necessidade de redução de estoques no canal de vendas e
distribuidores. O banco projeta queda de 6% na receita líquida na
comparação anual e recuo de margem Ebitda em 250 pontos-base em
comparação com o quarto trimestre de 2022. A XP considera que a
margem Ebitda pode ser negativamente impactada pela menor
alavancagem operacional.
A Blau (BOV:BLAU3) tem projeções negativas pela XP e neutras
pelo BBA. O crescimento da receita, na visão do banco, deve ser
impactado por preços mais baixos e cenário mais competitivo. Ainda
assim, as expectativas são neutras para o BBA pela possibilidade de
rentabilidade em melhor condição devido ao foco da empresa na
gestão de custos e despesas. A estabilidade das receitas é
considerado pela XP também, em especial pela aquisição da Bergamo,
que impulsionou o desempenho vertical de especialidades da
companhia. Ainda assim, na estimativa do Research da XP, a margem
EBITDA deve diminuir acentuadamente na comparação com o ano
anterior e a deterioração nos resultados operacionais pode impactar
o resultado final (projetado em R$ 23 milhões pela XP).
A DASA (BOV:DASA3) conta com projeção de leve diminuição
trimestral na receita da linha de frente do 4T23 para o segmento de
hospitais e oncologia, enquanto o segmento de diagnósticos deve
também apresentar impacto negativo. Ambas frentes devem sofrer com
impacto da sazonalidade nos volumes e, para o primeiro, a taxa de
ocupação também deve ser mais baixa. Assim, a expectativa do BBA é
de diminuição consolidada na receita líquida de 4% na comparação
trimestral. A visão da XP é igualmente pessimista, com projeção de
resultados negativos, materializados por prejuízo líquido ajustado
de R$ 157 milhões, em razão de despesas financeiras impactando
ganhos.
Por fim, o BBA projeta para Kora Saúde (BOV:KRSA3) taxa de
ocupação mais baixa no trimestre, também em razão de sazonalidade e
aumento de margem EBITDA em 0,4% na comparação anual (para 23,3%).
A receita líquida é projeta em R$ 566 milhões para o trimestre.
Para Mater Dei (BOV:MATD3), o banco estima diminuição de 3% na
receita líquida, na comparação trimestral, em R$ 551 milhões no
quarto trimestre. A análise sustenta que o número poderá ter como
resultado uma menor alavancagem operacional, assim como
rentabilidade diminuída no trimestre.
Informações Infomoney
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