A Companhia Brasileira de Alumínio
(CBA) chegou a R$ 100 milhões no terceiro trimestre
de 2022, em uma reversão de cenário em relação ao prejuízo líquido
de R$ 41 milhões no mesmo período de 2021. Houve, porém, queda de
80% em comparação ao lucro registrado no segundo trimestre deste
ano.
A melhora na linha final do relatório se dá mesmo com a empresa
tendo visto sua receita caindo 2% na base anual, para R$ 2,3
bilhões.
A receita líquida atingiu R$ 2,2 bilhões
no 3T22, leve redução de 2% em relação aos R$ 2,3 bilhões no 3T21,
principalmente pela redução de R$ 50 milhões da receita do negócio
de energia nos períodos comparados, devido ao menor volume
excedente de energia para venda, em função do menor volume de
contratos e aumento do consumo pela CBA.
Na frente de alumínio, a CBA destaca que sua receita se manteve
estável na comparação ano a ano, em R$ 2,2 bilhões. A queda de 11%
no preço médio da commodity, com a tonelada indo a US$ 2,35 mil,
foi compensada pelo aumento de 4% dos volumes vendidos, que foram a
129 mil toneladas.
A alta do lucro se deu em parte porque a empresa conseguiu
reduzir seu custo dos produtos vendidos (CPV) em 4% no ano, para R$
1,9 bilhão – também por conta da menor negociação de energia.
“Por outro lado, o custo do negócio de alumínio manteve-se
estável nos trimestres comparados, apesar do maior volume vendido e
da continuidade da inflação de custos”, destaca a empresa. “Esses
efeitos foram compensados pelo fim da operação de trading de
lingote, que teve 26 mil toneladas vendidas no terceiro trimestre
de 2021 e foi encerrada desde o segundo trimestre deste ano”.
No segmento de primários, a receita líquida teve aumento de 6%
no 3T22, em relação ao 3T21, devido ao aumento de 4% no volume
vendido e aumento no prêmio médio dos produtos primários nos
períodos comparados. Apesar da queda dos prêmios em relação ao
2T22, é válido ressaltar que os prêmios seguem em patamares
saudáveis.
No segmento de transformados, mesmo com a queda de 12% no volume
vendido no 3T22 vs. 3T21, houve uma melhora no mix, com maior
volume principalmente de folhas, além do aumento dos prêmios
praticados, refletindo em queda na receita de apenas 3% nos
períodos comparados.
A receita líquida do segmento de reciclagem no 3T22 foi o dobro
da receita líquida no 3T21, dado o maior volume vendido no período
pela integração da Alux, que contribuiu com R$ 100 milhões para a
receita de reciclagem no trimestre.
O Ebtida – lucro
antes de juros, impostos, depreciação e amortização – atingiu
R$ 331 milhões, alta de 5% ante o mesmo período de 2021. Porém,
teve variação negativa de 48% em comparação ao segundo trimestre
deste ano.
A CBA diz que o mercado global de alumínio foi marcado pela
continuidade das incertezas político-econômicas, como a manutenção
do conflito entre Rússia e Ucrânia, pressões inflacionárias,
arrefecimento do crescimento global e a manutenção da política de
Covid-zero pela China.
O conflito entre Rússia e Ucrânia, aliado aos ataques nas
principais linhas de gás natural que ligam a Europa à Rússia,
pressionaram os preços de energia elétrica no mercado europeu,
impulsionando a inflação e a preocupação com a saúde da economia
local.
Na China, a política de Covid-zero continua sendo imposta pelo
governo, trazendo dificuldades no crescimento econômico e
demandando novos estímulos. Além disso, uma forte onda de calor e
um período de poucas chuvas forçaram algumas indústrias a reduzirem
produção (inclusive a do alumínio). Em contrapartida os setores
automobilístico e de infraestrutura permaneceram estáveis,
mitigando essa desaceleração, na visão da CBA.
De acordo com a consultoria CRU, o consumo de alumínio primário
global apresentou crescimento de 0,6% no terceiro trimestre,
comparado ao segundo trimestre, puxado pela China, que tem mantido
níveis de exportações acima do histórico e apresentado bom
desempenho nos setores de transportes e energia, suportados por
estímulos recentes. Nos demais países, houve uma retração de 3,5%
trimestral, principalmente influenciada pela queda de 9,4% da
demanda na Europa.
A redução de R$ 76 milhões no custo dos produtos vendidos no
consolidado da CBA, comparado ao 3T21, foi influenciada pela
redução de R$ 68 milhões no custo do negócio de energia, devido à
redução do volume de energia excedente para venda, em função do
menor volume de contratos e maior consumo na CBA.
O volume vendido no segmento de primários foi de 65 mil
toneladas, 4% superior ao mesmo período de 2021, principalmente
pelo maior volume de lingotes P1020, os quais foram direcionados
principalmente para o mercado de latas de alumínio e outras
fundições.
O segmento de transformados registrou queda de 12% no volume em
comparação ao 3T21, totalizando 34 mil toneladas vendidas no
trimestre. O principal driver de redução foi o menor volume de
vendas para o setor de bens de consumo, em que o alumínio é
utilizado para produção de eletrodomésticos, bicicletas, escadas,
guarda-sol, cadeira de praia, entre outros. Nesse setor, a queda do
consumo de panelas teve impacto relevante no volume de chapas
vendidas, porém, a performance continua superior ao patamar
prépandemia. As vendas de panelas apresentaram alta relevante
durante a pandemia devido à mudança de hábitos do consumidor.
No segmento de reciclagem, o volume vendido foi de 30 mil
toneladas no 3T22, um incremento de 34% em relação ao volume do
3T21, refletindo a integração da Alux, que contribuiu com 7 mil
toneladas no trimestre. Em relação ao 2T22, o aumento foi de 20%,
efeito do aquecimento do mercado de autoconstrução, com reflexo
positivo nas vendas de tarugos reciclados da Metalex, além do bom
desempenho do mercado automotivo e de motos, que são os principais
destinos dos produtos da Alux.
Por fim, subtraiu-se do lucro líquido da CBA um resultado
financeiro negativo de R$ 27 milhões, número bem menor do que o
déficit de R$ 255 milhões do terceiro trimestre de 2021.
“O resultado financeiro líquido teve melhora de 89%,
principalmente em função da melhora de R$ 92 milhões na marcação a
mercado dos instrumentos derivativos da dívida com o BNDES e dos
contratos de energia eólica. Além disso, houve também o vencimento
das vendas a termo de alumínio e dólar americano (hedge estratégico
da receita) que deixou de ser executado em 2021”, justificam.
As despesas operacionais da CBA ficaram em R$ 106 milhões entre
julho e setembro deste ano, alta de 23% na comparação com o mesmo
período de 2021. A alta é justificada pela empresa por conta do seu
crescimento, incluindo a aquisição da Alux do Brasil.
O total de investimentos de capital (regime caixa) do 3T22 já é
superior ao acumulado dos 9M21, sendo 53% dos investimentos no
trimestre referentes aos projetos de modernização e expansão da
CBA, que são projetos plurianuais e que seguem o ritmo previsto no
IPO, apesar da volatidade da LME. O restante do CAPEX está
concentrado 24% em reforma de fornos e 24% em manutenção.
A dívida líquida totalizou R$ 1,3 bilhão, 1% menor quando
comparado ao trimestre anterior. O aumento da dívida bruta foi
compensado pela melhora da posição de caixa em R$ 152 milhões e da
marcação a mercado dos instrumentos financeiros derivativos mais
positiva em R$17 milhões.
A alavancagem financeira da CBA, medida pela relação dívida
líquida sobre o EBITDA ajustado dos últimos doze meses se manteve
estável em 0,67x em setembro de 2022, quando comparado ao trimestre
anterior (0,68x em junho de 2022).
Os resultados da CBA (BOV:CBAV3) referentes às suas
operações do terceiro trimestre de 2022 foram divulgados no
dia 09/11/2022. Confira o Press release na íntegra!
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão
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