Após um tempo no ostracismo, com a C&A despontando como
favorita do mercado entre as varejistas brasileiras de moda fast
fashion, a Lojas Renner parece ter voltado aos holofotes nas
últimas semanas. Nos últimos dias, a companhia recebeu upgrades de
dois bancos e ainda ficou entre as ações mais recomendadas para
abril.
Na terça-feira (2), o Bank of America recomendou a compra das
ações da Lojas Renner, saindo da posição de neutralidade. Fora
isso, os analistas da instituição americana também aumentaram o
preço-alvo para o papel de R$ 16,50 para R$ 21.
Como principal justificativa para a mudança, o BofA menciona que
a varejista está com uma nova equipe de crédito e que ela “parece
estar fazendo progresso sólido em termos de melhor uso de dados,
algoritmos mais ativos e voltados para o futuro”. Fora isso, a
empresa, para os analistas, parece estar reativando seu núcleo de
clientela de crédito.
Durante 2023 e boa parte de 2022, as varejistas de moda sofreram
por conta dos seus braços de crédito. A Realize, da Lojas Renner
(BOV:LREN3), por exemplo, registrou prejuízos durante boa parte do
ano, o que só mudou no último trimestre, quando seu resultado foi
positivo em R$ 3,2 milhões – o que foi visto como um “momento de
inflexão”.
As varejistas de moda focadas nas classes média e baixa, em
momentos de juros mais altos, sofrem em duas frentes.
Primeiramente, é normal os resultados serem deteriorados por
provisões para devedores duvidosos (PDDs). Mas a baixa oferta de
crédito também impacta negativamente o lado da receita, já que os
clientes precisam de empréstimos para consumirem.
Lojas Renner vê 2024 melhor
Em entrevista recente ao InfoMoney, que acompanhou o resultado
do quarto trimestre, o CFO da Lojas Renner mencionou que a empresa
espera que, em 2024, a Realize contribua mais para o varejo.
“Nós vemos 2024 ainda como um ano desafiador no que desrespeito
a crédito. Temos milhões de brasileiros ainda inadimplentes. No
entanto, fizemos um bom trabalho de gestão de risco e, ao longo de
2024, vemos a possibilidade de retomar a originação de forma
gradativa”, disse.
E é por esse caminho que os analistas vão. O BofA diz que a
varejista, após as mudanças aplicadas em 2023 em seu braço de
crédito, está colhendo frutos. Os usuários do cartão, por exemplo,
estão com tickets maiores e apresentando maior frequência de
compras.
“Estima-se que os usuários do cartão Renner tenham valores de
transação de 30-50% acima das médias gerais com uma frequência de
uso muito maior. Erros de crédito relativamente recentes parecem
ser em grande parte responsáveis pela fraqueza nas vendas das
mesmas lojas. E, embora esperemos que considerações competitivas
provavelmente limitem a penetração geral de crédito e a
rentabilidade, também vemos uma melhora acentuada das perdas do
vale de 2023”, mencionaram.
Fora isso, o banco também justifica sua visão falando que as
preocupações com as concorrentes internacionais – principalmente as
chinesas – estão diminuindo, uma vez que dados já mostram o
comércio transfronteiriço perdendo força. Isso se dá,
provavelmente, em decorrência das mudanças recentes, como a
aplicação do Remessa Conforme.
Visão construtiva
O Goldman Sachs hoje, também em relatório, definiu que está com
visão construtiva para a Lojas Renner pelos mesmos motivos. Apesar
de ter se mantido neutro, o banco americano aumentou seu preço-alvo
para a Renner em R$ 1, para R$ 19.
Os analistas da instituição enxergam que, ao longo de 2024, a
empresa deve colocar sua política de crédito em posição
expansionista, o que deve fornecer um impulso adicional às vendas.
A C&A (BOV:CEAB3), eles lembram, para fins de comparação, teve
uma posição expansionista de crédito em 2023, apesar de todo o
cenário macro, com o C&A Pay e com a parceria com o
Bradesco.
“Embora o tom da gestão tenha sugerido uma postura cautelosa em
relação ao risco incremental (focando em vez disso na base de
consumidores existente), após melhorias nos modelos internos de
crédito e cobrança, acreditamos que o período de pico de emissão
restrita agora está para trás”, fala o GS.
LREN3 recomendada por analistas
Por fim, a Lojas Renner, de acordo com levantamento feito pelo
InfoMoney, também entrou na lista de 10 empresas mais indicadas em
abril, aparecendo em quatro carteiras. “Entre os nomes de varejo,
Renner continua sendo nossa escolha preferida”, diz o BTG Pactual,
em relatório. A instituição afirma que a companhia segue bem
posicionada para ganhar participação de mercado no fragmentado
setor de varejo de vestuário no Brasil, apesar da desaceleração nas
vendas nos últimos trimestres.
“Além de uma melhoria gradual na rentabilidade e na posição de
caixa líquido, vemos o negócio de financiamento ao consumidor da
LREN como um beneficiário de potenciais cortes nas taxas de juro,
justificando a nossa classificação de compra”, fala o banco.
A C&A também continua bem quista entre os investidores, mas
por conta da alta recente, com um avanço de mais de 400% desde o
início de 2023, analistas já mantêm uma posição de maior cautela. A
Lojas Renner, desde o começo do ano passado, tem queda de mais de
10%.
Informações Infomoney
C&A ON (BOV:CEAB3)
Historical Stock Chart
From Dec 2024 to Jan 2025
C&A ON (BOV:CEAB3)
Historical Stock Chart
From Jan 2024 to Jan 2025