Em meio a mudanças no setor, 4T23 ficou marcado como um período positivo para as varejistas de alimentos
February 28 2024 - 7:37AM
Newspaper
O quarto trimestre de 2023 ficou marcado como um período mais
positivo para as varejistas de alimentos, sinalizando que o ponto
de inflexão do ciclo de baixa pode ter ficado para trás. Faltando
apenas o Grupo Mateus (BOV:GMAT3) divulgar seus resultados entre as
companhias do setor listadas em Bolsa, Assaí (BOV:ASAI3), Carrefour
(BOV:CRFB3) e GPA (BOV:PCAR3) trouxeram números que, no geral,
mostraram pontos positivos que agradaram analistas.
A melhora já era, em grande parte, esperada. 2023 foi marcado
por uma inflação baixa, com algumas categorias de alimentos
trazendo, inclusive, deflação. No último trimestre, com o ciclo de
queda dos juros já trazendo impactos, no entanto, uma alta dos
preços começou a aparecer para alguns produtos.
Há dois fatores que nos cenários de preços parados – ou de queda
– são negativos para companhias como Assaí e Carrefour, com foco
maior no chamado atacarejo. Quando a variação de preço está baixa,
as pessoas e comerciantes tendem a montar menos estoques, já que
não há risco dos preços aumentarem, o que impacta o faturamento
dessas varejistas. Fora isso, em um cenário de deflação, não raro
essas empresas veem seus estoques perdendo valor de mercado, tende
de vender produtos por preços menores do que pagaram.
“A despeito de um impacto não-recorrente substancial, avaliamos
que o conjunto consolidado pelo grupo foi positivo, o que vai
confirmando a nossa perspectiva de que o terceiro trimestre de fato
tenha sido o ponto de inflexão para a rentabilidade da companhia”,
avaliou a Genial Investimentos, falando sobre o resultado do
Carrefour.
“O Assaí conseguiu navegar no ambiente relativamente bem,
postando um crescimento positivo em vendas em mesmas lojas de 3%,
impulsionado tanto pelo volume quanto pelo ticket. Acreditamos que
esse desempenho reflete a resiliência do modelo de cash & carry
do Assaí e a qualidade de seus pontos comerciais”, disse Irma
Sgarz, do Goldman Sachs.
Mas fora o cenário macroeconômico, as companhias também
trouxeram melhorias operacionais. Assaí, Carrefour e GPA passaram,
todas, por mudanças ou expansões nos últimos anos – a primeira com
a compra dos hipermercados Extra, a segunda com a aquisição do
Grupo BIG e a terceira com a reestruturação do seu negócio.
Maturação de lojas é destaque para além do
macro
A maturação das novas lojas foram pontos destacados por
analistas tanto no negócio do Assaí quanto no do Carrefour. As
margens Ebitda (Ebitda =Lucro antes de juros, impostos, depreciação
e amortização, na sigla em inglês/receita líquida) de ambas as
empresas avançaram com as lojas transformadas ficando mais velhas,
ganhando clientela e cortando promoções.
No GPA, a reestruturação implementada no começo de 2022 também
começou a dar sinais positivos. Apesar do prejuízo consolidado,
analistas destacaram que conseguiram perceber no balanço ajustes de
sortimentos, diminuição de ruptura e redução de despesas, com as
margens vindo acima do esperado.
Para além dos analistas, os executivos das companhias também
destacaram que enxergam que as tendências de melhora devem
continuar em 2024.
Em entrevista ao InfoMoney, Daniela Sabbag, CFO do Assaí, disse
que os sinais são de que essa evolução positiva percebida pela
companhia deve prosseguir. De um lado, o cenário macroeconômico
traz boas notícias, como perspectiva de queda de juros, de inflação
sob controle e poder de compra do consumidor fortalecido. Além
disso, a empresa vem colhendo os frutos da redução da alavancagem e
da conversão das lojas da rede Extra.
Já os diretores do Carrefour mencionaram que a melhora
sequencial se estendeu para o começo de 2024, com as vendas em
janeiro superando as de dezembro. “Para o ano, com inflação
alimentar e de custos andando uma do lado da outra, temos cenários
mais positivos”, falou o CFO Eric Alencar, em teleconferência.
Um destaque do grupo dono do Atacadão ficou ainda para o anúncio
do fechamento de cerca de 120 unidades. Apesar do impacto
não-recorrente que a movimentação trouxe no resultado do quarto
trimestre, com gastos com demissão de funcionários, por exemplo, o
mercado gostou da operação. “Fechar loja nunca é um tema fácil, mas
temos certeza que a decisão é assertiva e que a iniciativa será
lucrativa para a companhia”, defendeu Stéphane Maquaire, CEO do
Carrefour,
Já para o GPA, durante a teleconferência de resultados, os
executivos do grupo expuseram que o GPA deve continuar a colher
benefícios da reestruturação, bem como com a aplicação de medidas
de eficiência. Após, por exemplo, passar um pente fino na gestão de
categorias no Pão de Açúcar, a intenção, neste ano é, por exemplo,
também implementar uma melhor gestão no Minuto e nos Mercados
Extra.
Um ponto de atenção comum para as empresas, principalmente para
o Assaí e para o GPA, por fim, ficou para a alavancagem financeira.
As aquisições e a reestruturação aumentaram os endividamentos das
companhias que, apesar de diminuindo, continuam no radar.
Informações Infomoney
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