A Hypera Pharma reportou um lucro líquido de R$ 491,8 milhões no segundo trimestre de 2024, marcando uma diminuição de 2,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Essa variação negativa foi principalmente atribuída pela companhia à redução do faturamento e dos ganhos financeiros.

O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado da companhia também apresentou retração, alcançando R$755,1 milhões, um decréscimo de 4,5% em relação ao 2T23. A margem EBITDA ajustada foi de 34,5%, diminuindo 0,9 pontos percentuais em relação ao ano anterior, refletindo principalmente uma redução na margem bruta durante o período.

Book de ofertas: a mais completa do mercado financeiro, acompanhe as ofertas de compra e venda de um ativo e todos os negócios realizados no dia.

No que se refere à receita líquida, a Hypera registrou R$ 2,18 bilhões, uma queda de 1,9% em relação ao 2T23. A receita foi impactada negativamente pelas vendas menores nas categorias de Gripe, Respiratório, Dor e Febre, contrabalanceadas apenas parcialmente por melhorias em outras áreas como Cardiologia e Vitaminas.

A análise dos custos revela que a redução do ritmo de produção e os maiores descontos promocionais foram os principais contribuintes para o declínio do lucro bruto e da margem bruta. Essas variações são reflexo de uma estratégia voltada à diminuição dos estoques e otimização das despesas operacionais.

Sobre a estrutura de capital, a Hypera conseguiu reduzir sua dívida líquida para R$ 7,2 bilhões ao final do 2T24, representando uma melhoria em relação ao trimestre anterior, com a dívida líquida alcançando 2,4 vezes o EBITDA ajustado. Isso, segundo a empresa, reflete esforços contínuos na gestão eficaz da dívida e no controle de custos.

A administração da empresa diz que permanece focada na inovação e na expansão da capacidade produtiva como pilares para sustentar o crescimento futuro, alinhada às diretrizes estratégicas para 2024.

Os resultados do Hypera (BOV:HYPE3) referentes às suas operações do segundo trimestre de 2024 foram divulgados no dia 26/07/2024.

Teleconferência

Em teleconferência de resultados, os executivos da maior fabricante de medicamentos do Brasil sinalizaram nesta sexta que a companhia deve continuar com política de desconto maior nos preços de medicamentos genéricos e similares no segundo semestre, diante de um cenário de competição mais prolongado do que o esperado.

“Devemos continuar com nível de desconto maior no segundo semestre”, disse o diretor de relações com investidores da companhia, Adalmario Satheler do Couto. “Estamos sendo mais agressivos nos genéricos e similares, que têm política de desconto comercial mais agressivo…para mantermos nosso market share ou mesmo ganhar”, acrescentou.

Apesar do custo de manter a política mais agressiva por mais tempo que o esperado, o presidente-executivo, Breno de Oliveira, comentou que isso não deve gerar impactos relevantes na margem da empresa, uma vez que as categorias de genéricos são 15% do portfólio de produtos da Hypera, que incluem dipirona.

Segundo Oliveira, a temporada de gripe deste ano está impulsionando as vendas de medicamentos, com alta de 10% em julho frente a um cenário mais estável no primeiro semestre. Mas a empresa deve estender do final deste ano até o início de 2025 a estratégia de redução de estoques de insumos.

Por outro lado, com a apreciação do dólar frente ao real dos últimos meses, o impacto do câmbio sobre os custos deve ser mais sentido ano que vem, disse Couto, que citou que a Hypera projetava um cotação de R$ 5,10 por dólar para este ano.

“Se permanecer nesse nível o câmbio, temos que ver qual o reajuste” nos preços dos medicamentos ano que vem”, afirmou. Às 12h05 desta sexta-feira, o dólar era cotado acima de R$ 5,65.

Questionado sobre crescimento inorgânico, Oliveira afirmou que o cenário de queda de juros, aliado a portfólios maduros de medicamentos que tendem a ser vendidos por farmacêuticas internacionais, “abre espaço” para a Hypera voltar a considerar aquisições de ativos. “Vemos bastante oportunidade de crescimento” em marcas fortes de OTC (que não necessitam de receita média), disse o executivo.

VISÃO DO MERCADO

A Hypera tem uma sessão de forte volatilidade após a divulgação de seus resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24) na noite da última quinta-feira (25). Na bolsa paulista, as ações da Hypera eram negociadas em alta de 3,76% às 14h (horário de Brasília) desta sexta (26), a R$ 28,95, atingindo as máximas do dia após a conferência sobre o resultado. Mais cedo, os papéis chegaram a recuar 1,9%, quando bateram a mínima do pregão, a R$ 27,38.

Os números entre abril e junho mostraram uma queda de 2,5% do lucro líquido das operações continuadas em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 491,8 milhões. Na visão contábil, o lucro líquido ficou em R$ 492,5 milhões, perda de 2,3% na mesma comparação.

Na visão geral do mercado, os resultados foram fracos, impactados negativamente por fatores sazonais e pela composição do portfólio, especialmente em relação aos produtos para dor e gripe. A margem bruta foi pressionada devido ao mix de produtos e aos descontos necessários para manter o sell-out, ou venda ao consumidor final, em andamento. O Morgan Stanley ressalta que, ao longo dos anos, a empresa conseguiu adquirir e construir “megamarcas” nessas áreas, que apresentam mais volatilidade devido à sazonalidade e aos padrões de circulação de vírus. Assim, uma força para a companhia virou uma fraqueza.

No entanto, a empresa conseguiu melhorar a geração de fluxo de caixa e reduzir a alavancagem, visto como um ponto positivo, na visão dos analistas de mercado.

Enquanto os resultados são desafiadores, há sinais de que a Hypera está no caminho certo para melhorar seu desempenho financeiro e operacional nos próximos trimestres, com uma perspectiva mais positiva no longo prazo, o que ajuda a animar as ações após a abertura em queda. De qualquer forma, há cautela por parte do mercado.

O JPMorgan, que tem recomendação equivalente à compra para HYPE3, está otimista quanto ao desempenho da Hypera no segundo semestre de 2024, esperando uma recuperação devido a bases de comparação mais fáceis e ao aumento dos lançamentos de novos produtos. Por outro lado, o Morgan Stanley, com recomendação equivalente à neutra, tem mais cautela, destacando que a mudança no mix de produtos pode levar a novos níveis normais de margens brutas, mas acredita que a empresa pode voltar a seguir o sell-out do mercado a longo prazo.

O Bradesco BBI também possui recomendação neutra para os ativos, com base no potencial de valorização limitado de 22% da HYPE3 em relação ao preço-alvo de R$ 34 esperado para 2025, com risco potencial de queda da tributação dos benefícios fiscais do ICMS (impacto negativo de 23% no lucro líquido no pior cenário).

 

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Reuters
HYPERA ON (BOV:HYPE3)
Historical Stock Chart
From Jun 2024 to Jul 2024 Click Here for more HYPERA ON Charts.
HYPERA ON (BOV:HYPE3)
Historical Stock Chart
From Jul 2023 to Jul 2024 Click Here for more HYPERA ON Charts.