A fabricante de alimentos M. Dias Branco apresentou lucro
líquido de R$ 189,9 milhões no segundo trimestre deste ano. O
resultado é 12,8% menor na comparação com igual período de 2023,
quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 217,9 milhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e
amortizações) atingiu R$ 336,8 milhões, recuo de 10,6% frente aos
R$ 376,8 milhões do segundo trimestre do ano anterior. A margem
Ebitda ficou em 12,8%, ante 13,2% de um ano antes, queda de 0,4
ponto porcentual. A alavancagem da empresa (relação entre dívida
líquida e Ebitda) ficou em 0,1 vez, ante 1,2 vez negativa reportada
em igual período de 2023.
A receita líquida cedeu 7,7% na mesma base comparativa,
alcançando R$ 2,630 bilhões, ante R$ 2,849 bilhões do segundo
trimestre de 2023. O recuo de 17,2% no preço médio dos produtos na
comparação anual do período compensou o aumento de 11,6% no volume
comercializado e pesou sobre a receita da companhia.
A empresa destacou, em comunicado a investidores, que a queda
dos preços das commodities, como o trigo, até meados do segundo
trimestre deste ano contribuiu para a diminuição dos preços de
biscoitos e massas, pressionando a receita.
As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, bloco chamado pela
companhia de “região de ataque”, apresentaram recuo de 6,6% na
receita líquida na mesma base comparativa, enquanto a “região de
defesa”, formada pelas regiões Norte e Nordeste, obteve queda de
9,3% na receita. Do montante total da receita líquida, R$ 60,5
milhões vieram da receita da empresa no exterior, o que inclui
exportações e a operação no Uruguai, alta de 32,7% ante o segundo
trimestre do ano anterior.
O recuo do Ebitda, e consequentemente do lucro líquido, também
foi motivado pela redução do preço médio dos produtos vendidos pela
companhia e pelo aumento dos custos e despesas, destacou a M.
Dias.
Volume de venda
A fabricante de alimentos M. Dias Branco registrou avanço de
11,6% no volume de vendas de seus produtos no segundo trimestre de
2024 na comparação com igual período do ano anterior. O volume
vendido pela companhia passou de 454,1 mil toneladas para 507 mil
toneladas. No segmento de biscoitos, o volume comercializado pela
empresa aumentou 1%, de 133,1 mil toneladas para 134,4 mil
toneladas. Já as vendas de massas cresceram 8,9%, de 90,1 mil
toneladas para 98,1 mil toneladas, enquanto as vendas de farinha e
farelo subiram 21,7%, para 440,6 mil toneladas.
Em relação ao trimestre anterior, as vendas totais da companhia
aumentaram 27,7%, já que o primeiro trimestre tende a ser
sazonalmente mais fraco. Em comunicado a investidores e imprensa, a
companhia citou que o mercado, de forma geral, reportou crescimento
acentuado em massas e estabilidade em unidades vendidas de
biscoitos na comparação com igual período do ano anterior.
Apesar do maior volume vendido, a M. Dias diminuiu sua
participação de mercado de biscoitos e aumentou em massas na
comparação entre o segundo trimestre deste ano e o do ano passado.
No segmento de biscoitos, a participação cedeu 0,2 ponto porcentual
para 31,8%. Em massas, sua participação em volume subiu 1,1 ponto
porcentual, para 29,2%. Já em farinha de trigo, a participação de
mercado da M. Dias em volume vendido aumentou dois pontos
porcentuais, para 12,1%. Em valor, houve retração anual de
participação de mercado em biscoitos e aumento em massas e farinha.
A M. Dias manteve a liderança no mercado nacional em massas,
biscoitos, granolas e cookies saudáveis no período.
O preço médio de todas categorias caiu 17,2% na comparação anual
dos trimestres, para R$ 5,19 por quilo, acompanhando a queda das
matérias-primas, principalmente do trigo e do óleo de palma. Em
biscoitos, o recuo no preço médio dos produtos foi de 9,3%. Em
massas, de 10,1%. Em farinha e farelo, houve queda de 26,6%, e em
margarinas e gorduras, o preço médio recuou 17,4%. O preço médio de
outras linhas de produtos – bolos, snacks, mistura para bolo,
torradas, produtos saudáveis, molhos e temperos – cedeu 3,4% entre
o segundo trimestre de 2024 e o de 2023.
A produção da M. Dias passou de 695,7 mil toneladas no segundo
trimestre de 2023 para 784,1 mil toneladas processadas no segundo
trimestre deste ano. Já a capacidade total de produção passou de
1,078 milhão de toneladas para 1,091 milhão de toneladas. O nível
de utilização da capacidade total de produção aumentou 7,4 pontos
porcentuais, de 64,5% para 71,9%. Ainda como fatos relevantes do
segundo trimestre do ano, a companhia destacou a “elevada”
verticalização dos dois principais insumos: farinha de trigo e
gordura vegetal em, respectivamente, 99,7% e 100%.
No último trimestre, a empresa investiu R$ 60,9 milhões, 15,3%
abaixo do valor investido em igual intervalo de 2023. Do montante,
66,8% foram destinados para manutenção e 33,2% direcionados para
expansão. Os principais aportes foram investimentos em máquinas e
equipamentos, obras civis e licenças de uso de software.
Os resultados da M. Dias Branco (BOV:MDIA3)
referentes suas operações do segundo trimestre de 2024 foram
divulgados no dia 12/08/2024.
VISÃO DO MERCADO
Os resultados não foram bem recebidos pelo mercado, com as ações
MDIA3 em queda de 5,82%, a R$ 27,81, na sessão desta segunda-feira
(12) às 10h07 (horário de Brasília).
A XP Investimentos classificou os números apresentados como
fracos, com destaque para a menor margem bruta na base trimestral,
principalmente devido a preços mais baixos (parcialmente explicado
pelo mix), maiores custos de óleo de palma e pior taxa de câmbio;
(ii) despesas de vendas persistentemente altas; (iii) marcket share
de biscoitos ligeiramente menor, mesmo com uma queda significativa
nos preços; e (iv) maiores despesas financeiras atribuídas a
variações cambiais.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
(Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 337 milhões, 2%
abaixo das projeções da XP e 5% abaixo do consenso.
Embora a companhia mostre que os preços médios em junho foram
6,7% acima da média da empresa no segundo trimestre, sugerindo
espaço para um maior otimismo no terceiro trimestre, analistas da
XP avaliam que é cedo para ficar mais otimista e esperam uma reação
negativa no pregão de hoje, já que o segundo trimestre
provavelmente levará a revisões de lucros para baixo por parte do
mercado.
O JPMorgan também avalia que a M. Dias Branco apresentou
resultados mais fracos do que o esperado no 2T24.
A equipe de research do banco americano destacou os esforços da
empresa para aumentar volumes (+12% na base anual), utilização de
capacidade à custa dos preços, que caíram mais do que a média do
setor (-17,3% na base anual). A queda sequencial dos preços é
parcialmente explicada pelo mix, mas analistas também acreditam que
é resultado de uma competição mais acirrada.
Dado o enfraquecimento do real e o aumento dos preços das
commodities, a empresa está aumentando os preços, indicando que os
níveis de junho já estão 2,8% acima da média do 1º trimestre e 6,7%
acima da média do 2º trimestre. Apesar dos esforços para elevar os
preços, o ambiente parece permanecer desafiador, e as margens estão
sob algum risco.
Apesar dos esforços de precificação, a participação de mercado
em biscoitos diminuiu, enquanto aumentou em massas e farinhas. O
JPMorgan acredita que o mercado deve reagir negativamente ao
desempenho abaixo do esperado e às incertezas quanto à recuperação
das margens no futuro. O banco mantém recomendação neutra e
preço-alvo de R$ 34.
Na mesma linha que XP e JPMorgan, o Itaú BBA classificou os
resultados como mais fracos do que o esperado, com a margem Ebitda
(Ebitda sobre receita) de 12,8% no trimestre 150 pontos-base (bps)
abaixo da sua previsão.
O BBA acredita que essa compressão de margem na base trimestral
não foi totalmente fatorada nas previsões do buyside, apesar do
ajuste para baixo nas últimas semanas. Por outro lado, o banco
observa que as ações da companhia tiveram desempenho inferior ao
Ibovespa em quase 20% desde que os números do 1T24 foram
divulgados, indicando que parte desse movimento já foi precificado
antecipadamente.
Dessa forma, BBA reitera recomendação neutra e preço-alvo de R$
46.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão
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