A petroleira Prio quer reproduzir no Golfo do México a aposta
bem sucedida que fez há alguns anos na bacia de Campos, adquirindo
ativos de grandes empresas do setor, as chamadas “majors”, que
estão deixando uma parte mais conhecida da região para buscar novas
fronteiras, com petróleo em profundidade maior. Algo semelhante
aconteceu com a Petrobras quando descobriu o pré-sal e, anos
depois, passou a vender campos maduros, alguns adquiridos e
revitalizados pela Prio, disse ao Broadcast o presidente companhia,
Roberto Monteiro.
“É mais ou menos parecido com o que a gente já faz aqui em
Frade, Albacora e Wahoo”, explicou, referindo-se aos campos que
antes eram explorados pela Petrobras e que foram vendidos à Prio
pela estatal.
“No Golfo do México, as grandes todas estão indo para essa
fronteira que eles chamam de (Formação) Wilcox. Nossa tese é que,
com esse negócio acontecendo, as grandes vão começar a colocar mais
capital nessa região e vão deixar a outra área (mioceno)”,
completou.
Do alto do prédio da Prio (BOV:PRIO3), com vista para a Baía da
Guanabara, no Rio de Janeiro, Monteiro avalia que a ida para o
Golfo faz todo o sentido para a empresa. De forma resumida, ele
explica que o Golfo é dividido em três partes: águas rasas, mioceno
(hoje a vaca leiteira da produção) e a nova fronteira (Wilcox). O
interesse seria pelo mioceno, com lâminas d’água mais comuns entre
1,2 mil e 1,5 mil quilômetros (pode chegar a até 2,2 mil km), e que
pode ser “abandonada” pelas majors, agora de olho no potencial da
nova fronteira da região, localizada em águas mais profundas e, por
ora, fora das ambições da petroleira.
O apetite das grandes petroleiras na exploração da formação
Wilcox foi percebido nos últimos leilões de áreas para exploração
nos Estados Unidos. Um leilão realizado no final de 2023 teve
arrecadação 45% maior do que outro realizado em março, devido à
oferta de campos em águas profundas do Golfo. Com a ida das grandes
petroleiras para essa nova região, a expectativa de Monteiro é de
que empresas independentes médias, como a Prio, tenham
oportunidades nos campos maduros do mioceno.
“Eu diria que nos próximos 12 meses, a gente já vai ter uma boa
visão se esse negócio faz sentido ou não”, estimou o executivo. No
segundo semestre, segundo Monteiro, devem entrar alguns projetos em
operação (na Wilcox), com os da Shell e da Chevron, e será possível
avaliar se a tese da Prio está correta, e elas, assim como outras
petroleiras, vão querer vender seus ativos maduros. “Podemos ter
algo no Golfo do México entre 12 e 18 meses”, diz o presidente.
Monteiro afirma que a companhia quer ser operadora em um
eventual novo negócio na região. No momento, a companhia já
constitui uma empresa “de papel” nos Estados Unidos para não perder
o cavalo selado.
Estratégia de M&A
Monteiro explica que a Prio tem sido muito eletiva nas suas
escolhas de aquisições e fusões, mas está com cerca de US$ 1 bilhão
em caixa e com tendência de aumentar a produção com a entrada de
Wahoo, na bacia de Campos, o que vai permitir gerar ainda mais
caixa.
“Isso (campos no mioceno do Golfo do México) é um negócio mais
ou menos da ordem de grandeza do que a gente procura. A gente
sempre procura negócio de US$ 750 milhões a US$ 1,2 bilhão, uma
média de US$ 1 bilhão”, disse Monteiro, manifestando interesse de
ser operador dos campos que eventualmente adquirir no Golfo.
Segundo o executivo, a geração de caixa e alavancagem da Prio
(0,6 vez dívida líquida/Ebitda) são tão confortáveis que a empresa
seria capaz de fazer frente a uma aquisição nos EUA e novos
negócios no Brasil ao mesmo tempo. No País, ele descarta comprar
ativos no onshore e afirma estar atento a oportunidades que se
aproximem do que a companhia faz hoje, operações com sinergia
geográfica e operacional, além de navios-plataforma próprios, o que
“não seria tão simples de encontrar”.
Passos maiores como já acenou a Petrobras, que envolve
exploração no oeste da África, em países como Namíbia, estão fora
de questão para a Prio por configurar atividade exploratória de
alto risco. Segundo o executivo, o perfil da empresa envolve
exploração de baixo risco, no entorno de áreas produtoras e já
conhecidas.
“Lá (Namíbia) é para bicho grande. A gente acha que para sair do
Brasil, só se for para ir para uma jurisdição tipo o Golfo do
México, que é uma coisa muito estável. Isso sim talvez faça
sentido. Agora, para ir para uma jurisdição mais difícil, o que
você precisa ter é um tamanho de empresa gigante, não faz muito
sentido para a gente”, explicou.
Formação Wilcox
O consultor e ex-geólogo da Petrobras, Pedro Zalán, lembra que
descobertas na formação Wilcox foram feitas entre 10 e 15 anos
atrás e agora voltam à baila com o aumento das restrições
ambientais em outros países e porque o petróleo tem preservado
preços internacionais resilientes e atrativas nos últimos anos (em
torno de US$ 80).
“O Golfo (do México) não tem problema de licenciamento
ambiental, além de possuir infraestrutura e logística completamente
prontas para receber novas operações, inclusive na formação Wilcox.
O mioceno vai continuar sendo o playground do Golfo, onde médias e
pequenas companhias podem brincar, mas para ir para a Wilcox, tem
que ser cachorro grande”, diz.
Segundo Zalán, a formação Wilcox é do Paleoceno/Eoceno, com
origem entre 45 e 55 milhões de anos, com lâmina d´água em torno de
3 mil metros e mais 7 mil ou 8 mil quilômetros de rocha, o que
perfaz 10 mil a 11 mil quilômetros de profundidade total.
Informações Broadcast
PETRORIO ON (BOV:PRIO3)
Historical Stock Chart
From Sep 2024 to Oct 2024
PETRORIO ON (BOV:PRIO3)
Historical Stock Chart
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