A TIM (BOV:TIMS3)
trouxe ao mercado seus resultados financeiros referentes ao 3T20
com o lucro líquido chamando a atenção de todos com uma queda
expressiva. O total fechou R$ 390 milhões no 3T20 – queda de 47,6%
quando comparamos com o 3T19. No entanto, quanto ao desempenho do
2T20, a alta foi de 45,8% – e esse padrão se repete quando
analisamos o atual resultado com o mesmo período do ano passado e
com o trimestre anterior.
Será que a TIM ainda vive sem fronteiras? Vamos descobrir
agora…
Vejamos a margem líquida do 3T20, que ficou em 8,9%. Quando
olhamos o 3T19, que foi de 11,4%, a redução é de 8,3 pontos
percentuais, mas, quando confrontamos os resultados de agora com os
6,7% do 2T20, o ganho é de 2.2 p.p.
Mas nada de pânico: esse recuo é fruto, entre outros detalhes,
do Imposto de Renda/Contribuição Social, uma vez que a empresa não
distribuiu proventos no período. Ou seja, não pode deduzir os Juros
sobre Capital da sua base de cálculo de impostos.
Passado o susto, vamos adiante…
O importantíssimo Ebitda (lucro antes de juros, impostos,
amortização e depreciação) totalizou R$ 2.073 milhões, um
aumento de 0,8% a/a graças ao bom momento de retomada do
crescimento da Receita de Serviços Móveis, da manutenção do
crescimento constante da Receita de Serviços Fixos (refletindo a
aceleração da TIM Live), sem esquecer todas as medidas estruturais
para controle de custos e despesas. No comparativo com o 2T20,
houve crescimento de 4,5% no Ebitda do 3T20. Já a Margem Ebitda
Normalizada ficou em 47,3% no último balanço, bem estável em
relação ao 3T19.
E é bom lembrar que a última divulgação de resultados foi
interessante para a TIM graças ao atual momento, com reabertura da
economia ajudando os custos fixos e variáveis da operação que
voltou com muita força – mesmo que a Receita ainda esteja impactada
por uma recuperação gradual das atividades comerciais neste
trimestre.
Falando em receita líquida, o montante ficou em R$ 4,38 bilhões,
trazendo uma alta no ano de 1,2%, muito pela retomada da empresa na
sua tendência de expansão logo depois do susto causado pelo impacto
negativo da pandemia de Covid-19.
Nessa retomada de crescimento da receita, a TIM não perdeu a
eficiência em custos – tanto que o Fluxo de Caixa Operacional Livre
teve performance positiva de 11,8% a/a, batendo R$ 1,348 bilhão no
trimestre – crescimento notável de R$ 142 milhões no comparativo
com o 3T19. Esses números só foram possíveis graças à redução do
Capex e à Variação do Capital de Giro bem mais positiva. Se
separarmos os primeiros nove meses do ano, o FCOL somou R$ 2.539
milhões, com bons R$ 1.463 milhões a/a.
Olhando a fronteira do
futuro
Outro detalhe importante é a união da TIM com outra empresa que,
em teoria, nada teria em comum, para um projeto antenado com as
novas propostas do mercado. Estamos falando da Fiat Chrysler
Automóveis (FCA), que selou um acordo de parceria com a TIM para
soluções de conectividade embarcada em veículos das marcas Fiat,
Jeep e RAM no Brasil, já a partir do primeiro semestre de 2021.
Inovador e ousado, o projeto é parte integral da estratégia global
de desenvolver ecossistemas para serviços conectados que possam
potencializar a experiência digital dos clientes em futuros
lançamentos da FCA no Brasil – que contarão com o eSIM, um
chip virtual para acesso a Wi-Fi nativo a bordo, com a
qualidade da cobertura 4G e rede de Internet das Coisas (“IoT”) da
TIM.
Uma parceria que é excelente para os negócios de ambas as
empresas, pois a conectividade permitirá a comunicação ativa, em
tempo real, do carro com o cliente, com a FCA e com a rede de
concessionárias. Ou seja, todos os futuros clientes da FCA se
beneficiarão com uma variedade de serviços via TIM, incluindo
conteúdos de entretenimento e segurança até aplicativos que
interagem com o veículo.
E, quando se fala em segurança, entenda-se contra roubos e
furtos, mas também a identificação remota de eventuais falhas no
veículo com a possibilidade de diagnósticos mais ágeis e precisos.
Em tempo real, isso se dá com os sensores conectados em partes
diferentes do veículo que enviam dados continuamente para a FCA.
Essa parceria é uma das apostas da TIM para fortalecer a presença
em um segmento que está cada vez mais conectado com o restante do
mundo, o de serviços prestados às empresas B2B, começando com esta
vertical que é a mais popular dos brasileiros: os veículos
conectados, já abrindo alas para novas formas de atingir o segmento
de serviços prestados a consumidores B2C, com prestação de serviços
“in-car”.
Do outro lado da linha
Mesmo envolvido com milhares de atividades, como era de se
esperar – ainda mais em uma semana de divulgação de resultados –, o
Head de Relações com Investidores da TIM Brasil, Vicente Ferreira,
conversou com a ADVFN a respeito dos resultados, já dando pistas a
respeito do que podemos ter nos próximos meses.
Vale conferir a entrevista na íntegra!
ADVFN – A empresa é líder no segmento 4G, que
cobre 3.570 cidades, segundo o release do trimestre. Falta
pouco para atingir as 5.570 cidades do Brasil? Como está essa
caminhada?
Vicente Ferreira – A TIM é a líder na cobertura
de 4G em todo o território nacional e tem um compromisso com a
Anatel e o Ministério das Comunicações para universalizar a sua
oferta em todo o Brasil até 2023, num investimento de R$ 639
milhões, tanto para cobrir o restante do país quanto para melhorar
a cobertura em 2 mil cidades.
ADVFN – Como está essa caminhada?
Vicente Ferreira – Seguimos com fortes
investimentos em infraestrutura e liderando a cobertura de quarta
geração no país: já são 3.570 cidades, sendo 3.191 com o 4G em 700
MHz. Até o final do ano, serão 3.700 cidades cobertas com essa
tecnologia.
ADVFN – Como estão esses estudos
tecnológicos?
Vicente Ferreira – Somos pioneiros nos testes
da tecnologia de quinta geração no Brasil. Iniciamos recentemente
um piloto inédito utilizando a rede 5G DSS na tecnologia FWA
(fixed-wireless access) em Bento Gonçalves (RS), Três
Lagoas (MS) e Itajubá (MG). Trata-se do primeiro “caso de uso” que
poderá ser expandido em larga escala quando a tecnologia chegar ao
país. Desde outubro, e pelos próximos seis meses, cerca de 300
clientes estão recebendo equipamentos 5G para testarem, sem
qualquer custo adicional, uma nova experiência de conectividade de
banda larga residencial por meio da rede móvel.
ADVFN – O que podemos esperar do leilão que se
aproxima quanto aos ativos da Oi?
Vicente Ferreira – O leilão dos ativos móveis
da Oi é um processo coordenado pelo juízo da Recuperação Judicial,
portanto é um leilão público. O juízo confirmou a data para 14 de
dezembro e deveremos aguardar até esse momento para ter mais
clareza sobre o desfecho. A TIM, com as outras duas
ofertantes (Vivo e Claro), está na condição de stalking
horse, que nos dá o direito de superar qualquer outra oferta
que possa aparecer durante o leilão. Entendemos que nossa oferta
vinculante já apresentada é bastante competitiva e cria valor para
todas as partes do processo.
ADVFN – Os custos e despesas operacionais
totalizaram R$ 2.314 milhões, um crescimento de +1,5% a/a. Mesmo
sendo “impactada” com a retomada mais intensa da atividade
comercial, essa sólida execução no controle de custos permitiu uma
performance positiva? Como a empresa analisa esses números?
Vicente Ferreira – Nossa avaliação é que temos
uma execução muito boa na frente de custos e despesas. Era esperado
que, com a aceleração da atividade comercial e reabertura da
economia, alguns custos voltassem, e foi exatamente isso o que
aconteceu, mas nossa abordagem de busca incessante por eficiências
nos permitiu apresentar um número abaixo da inflação para o
terceiro trimestre e, no acumulado dos nove meses, temos uma queda
de 5,6%.
ADVFN – O Ebitda da Tim foi de R$ 2.073
milhões, ou seja, um aumento de 0,8% a/a. Quais os principais
fatores que alavancaram esse indicador?
Vicente Ferreira – Esse resultado de Ebitda é
uma combinação de alguns fatores, como o retorno do crescimento dos
serviços de mobilidade, puxados pela recuperação do segmento
pré-pago e aceleração do pós-pago. Temos também a aceleração das
receitas do serviço fixo, com destaque para o nosso serviço de
banda ultralarga (TIM Live), e a boa execução de custos que
comentamos antes. Tudo isso possibilitou que apresentássemos
crescimento nesse indicador pelo 17° trimestre seguido.
ADVFN – O lucro líquido de R$ 390 milhões neste
trimestre corresponde a uma queda de 20,9% a/a em relação ao
terceiro trimestre de 2019. Para olhares leigos, esse número pode
até assustar, mas não é bem assim…
Vicente Ferreira – Realmente, a performance do
lucro líquido, em uma primeira avaliação, pode não refletir a
dinâmica do negócio, pois, no terceiro trimestre deste ano, não
tivemos o impacto positivo do anúncio de pagamento de JSCP, que
abate da base de imposto. Uma forma de demonstrar isso é olhar o
lucro antes dos impostos (LAIR), que cresceu mais de 50% a/a. Em
2020, a companhia está concentrando os anúncios de JSCP (juros
sobre capital próprio) no quarto trimestre. Então, isso vai
provocar o efeito contrário no final do ano. No 4T20, o lucro
líquido deve ser impactado positivamente pela dedutibilidade do
JSCP.
ADVFN – A inovação está presente em alguns
projetos, como a parceria com a Fiat Chrysler Automóveis. Quais os
campos que a TIM pretende adentrar com essa abertura?
Vicente Ferreira – A TIM fornecerá solução de
tecnologia completa de conectividade para a linha Jeep Renegade
2021, com solução composta por um chip digital, eSIM, que já estará
instalado nos veículos, e modem–wifi, num projeto de longo
prazo chamado Carro Conectado. Essa é uma parceria bastante
estratégica tanto para a TIM quanto para a FCA. A TIM foi escolhida
pela FCA para fornecer, a partir do primeiro trimestre de 2021, uma
solução de eSIM 4G, chip virtual para prover conectividade para
telemetria e manutenção dos carros, além do acesso a Wi-Fi nativo e
sistema de entretenimento a bordo.
ADVFN – Qual é a grande sacada desse
projeto?
Vicente Ferreira – A ideia é ampliar a
conectividade e permitir que motoristas e passageiros desses carros
possam usar serviços que hoje já estão à sua disposição em
smartphones, como operações bancárias, e-commerce
e uso de aplicativos de comunicação. Essa união entre as indústrias
de telecomunicações e automobilística é uma tendência que se
consolidará de vez com a chegada do 5G. A tecnologia proporcionará
que o carro do futuro seja autômato, com uma enorme capacidade de
conectividade. Por isso, é natural que os serviços de telecom
estejam cada vez mais presentes nos nossos carros.
Mercado atento
Para o Analista de Investimento da Mirae, Pedro Galdi, o
resultado divulgado pela TIM está muito dentro do esperado. A
receita líquida do 3T20 atingiu R$ 4,4 bilhões, +1% sobre o mesmo
trimestre do ano anterior. O analista destaca que o Ebitda ficou em
R$ 2 bilhões, +0,8% em relação ao 3T19 e contabilizou lucro líquido
de R$ 390 milhões, -21% sobre o 3T19, justificado pelo IR/CSLL não
beneficiado pela dedutibilidade dos Juros Sobre Capital Próprio
(JSCP) da base de cálculo dos impostos, uma vez que não houve
distribuição dessa natureza no 3T20.
O Lucro por Ação (LPA) ficou em R$ 0,16, contra os R$ 0,20
(Normalizado) no 3T19, o que não causa nenhuma preocupação em
Pedro: “Estamos diante de um resultado que não trouxe surpresas e
fica, portanto, a expectativa da finalização da operação de
aquisição dos ativos de telefonia móvel da Oi, que será
compartilhada pela Claro, Vivo e Tim. A meu ver, esse é o principal
driver para o desempenho da empresa, além de como o Cade
irá tratar o tema”.
Quando perguntado sobre os resultados financeiros referentes ao
último trimestre e o lucro líquido, que demonstrou um percentual de
queda versus o 3T19, Pedro se mantém firme: “É algo pontual. Não
vale a preocupação, pois a diferença foi que no 3T19 teve uma
redução do IR e, no atual, não”.
O analista faz referência ao leilão de ativos móveis da Oi,
marcado pela Justiça para 14 de dezembro, pelo juiz Fernando Viana,
da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. A decisão foi homologada
na mesma semana da divulgação dos resultados da TIM e a audiência
de abertura dos envelopes será – como era de se esperar em virtude
da pandemia – de maneira virtual, com presença física facultativa
de representantes do Ministério Público e do administrador
judicial. “Esta, sim, é uma notícia que está gerando boas
expectativas para alguns investidores, pois a previsão do mercado é
de que essas operações móveis da Oi sejam arrematadas pelo trio de
operadoras Claro, TIM Brasil e Vivo, com uma proposta vinculante no
valor de R$ 16,5 bilhões. Vamos aguardar dezembro”, completa
Pedro.
Por Aroldo Antonio Glomb Junior – Especial ADVFN
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