Vale inaugura fábrica que transforma rejeitos da mineração em produtos para a construção civil
November 19 2020 - 1:43PM
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A Vale (BOV:VALE3) inaugurou, nessa terça-feira (17), a Fábrica
de Blocos do Pico, primeira planta piloto de produtos para a
construção civil cuja matéria-prima principal é o rejeito da
atividade de mineração. Instalada na Mina do Pico, no município de
Itabirito (MG), a fábrica promoverá a economia circular na operação
de beneficiamento do minério de ferro. Após o período de testes, a
expectativa é que, a cada ano, cerca de 30 mil toneladas de rejeito
deixem de ser dispostas em barragens ou pilhas para serem
transformadas em 3,8 milhões de produtos pré-moldados de larga
aplicação na indústria da construção civil, como pisos
intertravados, blocos de concreto estruturais, blocos de vedação,
placas de concreto, manilhas, blocos de vedação, dentre outros.
Segundo Rodrigo Dutra, gerente-executivo de Licenciamento
Ambiental da Vale, esta é a primeira iniciativa da empresa de
reaproveitamento do rejeito. “Além de tornar nossas operações mais
seguras e sustentáveis, queremos fomentar o desenvolvimento de
soluções inovadoras que gerem valor para as comunidades vizinhas e
a sociedade”.
A Vale conduz estudos de aplicação do rejeito desde 2014. Sua
utilização na construção civil, em substituição à areia natural, é
também uma solução ambiental. De acordo com a Organização das
Nações Unidas, a areia é o segundo recurso natural mais explorado
no mundo, depois da água. O material é escasso e globalmente
sujeito à extração ilegal e predatória. “O rejeito arenoso da Vale,
resultante do beneficiamento do minério, possui elevado teor de
sílica e baixíssimo teor de ferro, tendo ainda como vantagem a alta
uniformidade química e granulométrica”, destaca Dutra.
A empresa investirá cerca de R$ 25 milhões em pesquisa e
desenvolvimento tecnológico (P&D) nos primeiros dois anos da
Fábrica de Blocos do Pico, que contará com a cooperação técnica do
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).
Dez pesquisadores da instituição atuarão na pesquisa nesse período,
entre professores, técnicos de laboratório e alunos de
pós-graduação, graduação e curso técnico.
“A principal vantagem de estarmos numa fábrica instalada dentro
de uma unidade de mineração é a capacidade de pesquisarmos a
aplicação de diversos resíduos e validarmos a tecnologia,
desenvolvida em laboratório, no ambiente produtivo em escala
industrial. Esse modelo viabilizará a transferência de tecnologia
de uma forma mais eficiente, constituindo um ambiente favorável à
inovação”, explica Augusto Bezerra, pesquisador líder do projeto e
professor do CEFET-MG. Durante o tempo de P&D, os produtos não
serão comercializados.
Inovação e diversidade
A fábrica de blocos ocupa uma área de 10 mil m² dentro da
unidade da Mina do Pico, no Complexo Vargem Grande. “A planta foi
projetada em módulos para promover versatilidade no desenvolvimento
de diversos tipos de produtos para a construção civil, como obras
de infraestrutura de transportes, habitação e urbanização”, explica
Laís Resende, uma das engenheiras responsáveis pela iniciativa.
Além de ser construído conforme as normas de segurança e saúde
ocupacional, todo o sistema de produção da fábrica é automatizado,
evitando o desgaste físico da equipe na manipulação das peças. De
acordo com Karina Rapucci, gerente-executiva do Complexo Vargem
Grande da Vale, a planta foi pensada para ser sustentável em todos
os aspectos. “Além do reaproveitamento do rejeito, a fábrica
promove segurança, ergonomia e conforto para o time. Esse projeto
também está alinhado ao movimento pela diversidade e inclusão na
mineração, uma vez que foi executado e será operado por
mulheres”.
Oito mulheres cuidarão de todos os processos da planta. Ana
Luiza Marinho, moradora de Itabirito, foi uma das contratadas para
trabalhar na fábrica. “Um privilégio ter sido escolhida para atuar
como engenheira numa iniciativa que segue os princípios da economia
circular, reaproveitando rejeitos como insumos e ainda ajuda a
reduzir a extração de recursos naturais não renováveis. Acredito
que o objetivo da fábrica de blocos, aliado ao time de mulheres,
mostra como a empresa vem evoluindo, olhando para o futuro e
cuidando das comunidades próximas às suas operações”.
Investimentos em reaproveitamento do resíduo da
mineração
A Vale estuda replicar a fábrica de blocos em outras unidades de
Minas Gerais, após o período de P&D na Mina do Pico. A empresa
também mantém parceria com mais de 30 organizações, entre
universidades, centros de pesquisas e empresas nacionais e
estrangeiras, para o desenvolvimento de soluções para o
reaproveitamento do resíduo da mineração em diferentes setores da
indústria.
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