Vale retoma assembleia para eleição do conselho que vai ditar rumos da companhia no biênio 2021
May 03 2021 - 10:28AM
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A Vale (BOV:VALE3) retomou na manhã desta segunda-feira a
Assembleia Geral Ordinária (AGO) para a eleição do conselho de
administração que vai ditar os rumos da companhia no biênio
2021-2023. O desfecho da disputa foi adiado na última sexta-feira,
30, após acionistas detentores de American Depositary Receipts
(ADRs, recibos de ações negociados no mercado americano) reclamarem
de um suposto erro no cômputo de votos. Ao longo do fim de semana,
o Citi, instituição depositária dos ADRs, realizou a recontagem dos
votos.
A eleição é emblemática por ser a primeira após o fim do acordo
de acionistas da mineradora, em novembro do ano passado. A migração
da Vale para o modelo de “corporation”, empresa sem controle
definido, está sendo observada pelo mercado. Com 16 candidatos para
12 vagas – além da cadeira dos empregados, já eleita em separado –
o resultado ainda está em aberto e a disputa promete ser
acirrada.
A principal divergência na reunião de sexta-feira, marcada por
várias interrupções, se deu em torno do cômputo de votos do grupo
Capital – acionista relevante da Vale, com 11,3% do capital – para
o ex-presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, um dos
quatro nomes alternativos à lista da companhia e indicados por
fundos de investimento e gestoras como Geração Futuro, Argucia e
RPS. Fundos com mais de 5% do capital com direito a voto da Vale
solicitaram a adoção do voto múltiplo, mecanismo pelo qual cada
ação passa a valer tantos votos quantos sejam os cargos a preencher
e o acionista pode concentrá-los em um só candidato ou
distribuí-los entre vários nomes.
Além de Castello Branco, os minoritários indicaram o advogado e
conselheiro independente da Vale, Marcelo Gasparino, a conselheira
do Grupo Soma e do Banco do Brasil, Rachel Maia, e Mauro Cunha,
ex-conselheiro de Petrobras, Caixa e Eletrobras, que comandou por
anos a Associação de Investidores no Mercado de Capitais
(Amec).
A Vale indicou 12 nomes, sendo oito classificados por seu comitê
de nomeação como independentes. Dos indicados, apenas cinco são
estreantes, enquanto os demais já atuam no board da mineradora:
José Luciano Penido (CEO da Samarco de 1992 a 2003); Fernando Buso,
(diretor-presidente da Bradespar); Eduardo Rodrigues (sócio da CWH
Consultoria e ex-diretor da Rio Tinto), José Maurício Coelho
(presidente da Previ), Murilo Passos (chairman de São Martinho e
Tegma), Roger Downey (ex-presidente da Vale Fertilizantes) e Sandra
Guerra (consultora de governança corporativa).
Dos novos integrantes propostos pela Vale, quatro são
estrangeiros. O australiano Clinton Dines, ex-CEO da BHP na China;
a americana Elaine Dorward-King, ex-head de Saúde e Meio Ambiente
da Rio Tinto; o japonês Ken Yasuhara, ex-diretor de Mitsui e
Sumitomo; e o britânico Ollie Oliveira, que passou pelas
mineradoras Anglo American e DeBeers. A brasileira Maria Fernanda
Teixeira completa o grupo de estreantes, tendo ocupado altos cargos
de direção e conselhos de empresas da indústria de tecnologia da
informação.
A disputa vem sendo marcada por uma forte oposição entre
minoritários e acionistas de referência. Previ, Bradespar e Mitsui,
que até novembro faziam parte do bloco de controle da companhia,
são donas de 21% do capital da Vale e apoiam os indicados pela
empresa. A mineradora, entretanto, tem outros acionistas de
referência de peso, como Capital e BlackRock (5,29%).
Além da eleição dos conselheiros, será escolhido na assembleia
virtual desta segunda o presidente do board. Os indicados são
Castello Branco e José Duarte Penido, ex-presidente da Samarco e já
conselheiro da Vale desde 2019.
Também será definida a vice-presidência do conselho, que tem
como indicados Buso, pela Vale, e Mauro Cunha, pelos
minoritários.
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