A alta continua. As ações da Yduqs subiram 10,2% na sessão da última terça-feira (21) e o movimento continua nesta quarta, com os papéis subindo cerca de 2% no início da tarde, em um dia no geral negativo para a Bolsa brasileira.

Boa parte desse ânimo veio após as primeiras sinalizações da companhia dadas ontem sobre os próximos anos, revertendo parte do desânimo pós-resultado do primeiro trimestre de 2024 (1T24).

A companhia revelou seu guidance, com a projeção para os próximos cinco anos de fluxo de caixa operacional acumulado entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões (entre os anos de 2025 e 2029). Além disso, tem no radar previsão de um lucro líquido ajustado por ação de entre R$ 1,60 e R$ 1,90 em 2024.

No ponto médio do guidance para o lucro líquido de 2025, a Yduqs (BOV:YDUQ3) negocia a um múltiplo de 6 vezes o preço sobre o lucro (P/L) ajustado 2025, o que foi visto como muito atraente. Já se espera um segundo trimestre fraco (lucro líquido estável frente o 1T24), mas se espera um grande salto nos lucros ( 65-130% na base anual) no segundo semestre de 2024, conforme o guidance.

“A empresa publicou pela primeira vez seu guidance de 5 anos. Em relação a 2024, a empresa afirmou seu otimismo quanto à expansão do lucro por ação, contrastando com a reação negativa aos resultados do 1T24 ao alinhar o guidance com o consenso”, avalia o Morgan Stanley.

Para a XP, os números tanto para receita quanto para Ebitda quanto para lucro ficaram ligeiramente abaixo de suas estimativas (exceto para o lucro líquido de 2028-29). Isso a princípio seria ruim, mas também dá alguma garantia de que a empresa pode entregar os resultados esperados (além de gerar maior previsibilidade). Além disso, os números fornecidos não incorporam a expansão da margem, o que os analistas da casa consideram um sinal de conservadorismo aplicado nas projeções. “O guidance para o lucro líquido ajustado de 2024 e 2025 implica em múltiplos de P/L de 7,9 vezes e 5,5 vezes, o que consideramos múltiplos atraentes”, aponta.

Destaques do Investor Day

Durante o Investor Day, os executivos mostraram um tom otimista com o que vêm em termos de crescimento do mercado e ambiente competitivo, ressalta a XP. Além disso, no nível micro, eles vêm espaço para melhorar a eficiência das Unidades de Negócios (BUs) no Presencial e no Digital, em termos de lucratividade e qualidade.

Quando questionados sobre o ambiente competitivo, eles mencionaram que os preços parecem estar seguindo um comportamento melhor. Por outro lado, os concorrentes estão usando o marketing de forma mais extensiva, o que pode não mudar em breve e limitar a expansão da margem, avalia a equipe de análise.

No segmento presencial, a Yduqs ressaltou que há espaço para (i) reduzir os custos do corpo docente por meio do uso de ferramentas tecnológicas já empregadas pela empresa e (ii) aumentar a utilização de imóveis. No digital, a empresa monitora o desempenho dos polos individualmente e atua sobre os que estão com desempenho abaixo do esperado. “Vale ressaltar que, de acordo com os executivos, as iniciativas de eficiência não devem afetar negativamente a qualidade do aprendizado ou a experiência do aluno”, ressalta a XP.

O Itaú BBA pontua ainda que o portfólio da empresa, composto pelos segmentos presencial, digital e premium, oferece vantagens no cenário competitivo. Exemplo disso é o forte desempenho de crescimento da empresa no setor, apesar de ser um player com menores despesas de marketing por entrada e despesas com vendas e marketing de 6,5% como porcentual da receita, inferior aos demais players do setor. Esta diversificação permite a expansão para novos segmentos, como o Vida Toda, que oferece mais oportunidades num mercado total endereçável considerável.

O BBA também espera que o segmento médico continue a desempenhar um papel importante para a Yduqs. A empresa tem aumentado consistentemente seu número de vagas e estudantes médicos, levando a um forte crescimento de receita e boa lucratividade. A Yduqs se beneficiou dos programas Mais Médicos I e II, que contribuíram para o desempenho do negócio.

A estrutura de capital da empresa também está controlada, reforça o BBA, mas aquisições não são desconsideradas. A companhia tem como objetivo reduzir a dívida, medida pela relação dívida líquida/Ebitda, para 1 vez, mantendo a política de ser uma forte distribuidora de dividendos.

Recomendações

Analistas em sua maioria possuem visão positiva para as ações, conforme aponta o consenso LSEG, com sete recomendações de compra e uma neutra. A XP recomenda compra com preço-alvo de R$ 29,70 (potencial de alta de 115% em relação ao fechamento de terça). “Apesar da alta de 10% que a ação apresentou no pregão de ontem, ainda a vemos como subvalorizada, com P/L 2025 de 5,5 vezes no guidance para 2025. Além disso, o evento reforçou nossa visão positiva do setor”, ressalta a XP. Essa é a mesma recomendação do BTG Pactual, com target de R$ 28 (upside de 103%). O banco aponta as possíveis surpresas positivas para suas estimativas preliminares de lucro líquido mas que, após o rali de ontem, os investidores podem esperar pela capacidade de execução da companhia antes de precificarem totalmente o cenário mais otimista contido do guidance.

O Itaú BBA, por sua vez, reduziu o preço-alvo de R$ 27 para R$ 24 (upside de 74%), de forma a incorporar os últimos resultados e o guidance, mas manteve a recomendação de compra. Já o Morgan tem recomendação equivalente à neutra (equalweight, ou exposição em linha com a média do mercado), com preço-alvo de R$ 20,50 (upside de 48%).

Informações Infomoney
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